Já faz algum tempo que peguei os restos do que havia sobrado do meu pequeno coração e tranquei a sete chaves num baú escondido no fundo de meu armário.
Tinha me acostumado tão bem a viver sem ele que "amor" acabava por me soar estranho.
Filmes, livros e tudo mais que remetesse a qualquer vestígio de sentimento. Eu evitava.
Ainda evito.
Porém, hoje, andando pela cidade jogando conversa fora, acabei por entrar nesse assunto, até tão pouco proibido em minha mente. Pude ouvir sussurros me reprimindo.
Amores vão, amores vem, falei sobre sobre meu coração que não via a luz do sol. O coração que eu não usava há tempos.
Até que um amigo me disse algo que me fez pensar a tarde inteira. Minha memória incapacitada me impede de lembrar cada detalhe com convicção, entretanto penso que consigo explicar a parte mais relevante do diálogo:
"Coração? Ah, eu não tenho coração. Aliás, até tinha, mas ele estava tão despedaçado que acabei por trancá-lo no fundo do meu guarda-roupas", ri.
"Pense assim, Bruna: você diz que trancou o seu os pedacinhos do seu coração, mas quando alguém decidir ficar contigo, ele vai ter que se esforçar e procurar lá no fundo os restinhos dele. Ele vai ter que reconstruí-lo e te provar que você pode amar de novo. E aí, você vai saber que essa pessoa é tão especial a ponto de te fazer acreditar nisso e transformar em realidade".
Passei o resto do dia pensando nisso.
Pensando em como seria bom sentir de novo.
Não amar. Isso já seria pedir demais.
Mas sentir, sabe. Aquela sensação gostosa de olhar horas iguais e ter uma pontinha de esperança. De sonhar com romances bobos e sorrir com declarações em letras de músicas.
Sinto falta disso.
Opa! "Sinto falta disso", dona Bruna?
Parece que ouvi algum sussurro cardíaco se reconstruindo, hein...
Acho que algum pedacinho de coração está te dizendo para acreditar, moça.
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