"- Jasmine!
Era a voz de Cristina. Ou outros nomes que os clientes a chamavam.
Naquela época, eu mal tinha 5 anos e já aprendera a viver num lugar onde homens estranhos se encontravam com mulheres estranhas e se trancavam em quartos para fazer coisas estranhas.
Minha mãe era uma dessas mulheres. Ela fazia essas coisas e jamais soube quem deveria assumir a paternidade. Quando se dera conta da gravidez, a última coisa em que se preocupou foi descobrir quem quer que fosse meu pai. Afinal, filho de puta não tem isso, nasce sem respeito. No meu caso, já nascia com destino certo.
O aborto até teria sido feito, se não fosse por Ju.
Tia Júlia, como eu a chamava, era uma das mais velhas daquele cortiço. Tinha lá seus 40 anos e já vira muita coisa na vida. Sofrera muito. Terminou seus dias na podridão do desrespeito.
Nunca irei esquecer o dia em que vi sua morte. Nunca irei esquecer o que fizera por mim.
Fora ela quem induziu minha mãe a não tirar o bebê. Decisão nobre, porém um erro absurdo. Por sua causa conheci este mundo podre. Entretanto, não a culpo, claro. Foi também por sua causa que encontrei esperança na vida. Uma ilusão, sim, porém, algo com o que sonhar.
- Jasmine! Onde estava, menina?! - mamãe me beliscara - Já te disse mil vezes pra não ficar perambulando pelos corredores se não algum homem ruim te pega!
Se fosse em outra situação, o aviso não seria tão ironicamente macabro. Vivíamos num prostíbulo; uma garotinha loira é uma atração um tanto irrecusável àqueles que ali frequentavam. Desde pequena, meus monstros eram outros, eram reais.
E continuam sendo.
Naquele dia, depois da bronca, Cristina me deixou trancada no minúsculo cômodo aos fundos do cortiço. Nosso esconderijo, literalmente.
Iria "fazer o ponto" (uma expressão que eu só entenderia mais tarde) e me fez jurar que só abriria a porta pra Tia Ju, ao contrário, permaneceria em silêncio até quem quer que fosse ir embora.
Saiu.
Algumas horas mais tarde, Júlia me chamara a porta. Fiz o que prometera.
Pena que ela me trouxe a notícia que fortificou minha desgraça.
Mamãe morrera.
Fora assassinada.
E isso, o próprio assassino me contaria mais tarde."
Era a voz de Cristina. Ou outros nomes que os clientes a chamavam.
Naquela época, eu mal tinha 5 anos e já aprendera a viver num lugar onde homens estranhos se encontravam com mulheres estranhas e se trancavam em quartos para fazer coisas estranhas.
Minha mãe era uma dessas mulheres. Ela fazia essas coisas e jamais soube quem deveria assumir a paternidade. Quando se dera conta da gravidez, a última coisa em que se preocupou foi descobrir quem quer que fosse meu pai. Afinal, filho de puta não tem isso, nasce sem respeito. No meu caso, já nascia com destino certo.
O aborto até teria sido feito, se não fosse por Ju.
Tia Júlia, como eu a chamava, era uma das mais velhas daquele cortiço. Tinha lá seus 40 anos e já vira muita coisa na vida. Sofrera muito. Terminou seus dias na podridão do desrespeito.
Nunca irei esquecer o dia em que vi sua morte. Nunca irei esquecer o que fizera por mim.
Fora ela quem induziu minha mãe a não tirar o bebê. Decisão nobre, porém um erro absurdo. Por sua causa conheci este mundo podre. Entretanto, não a culpo, claro. Foi também por sua causa que encontrei esperança na vida. Uma ilusão, sim, porém, algo com o que sonhar.
- Jasmine! Onde estava, menina?! - mamãe me beliscara - Já te disse mil vezes pra não ficar perambulando pelos corredores se não algum homem ruim te pega!
Se fosse em outra situação, o aviso não seria tão ironicamente macabro. Vivíamos num prostíbulo; uma garotinha loira é uma atração um tanto irrecusável àqueles que ali frequentavam. Desde pequena, meus monstros eram outros, eram reais.
E continuam sendo.
Naquele dia, depois da bronca, Cristina me deixou trancada no minúsculo cômodo aos fundos do cortiço. Nosso esconderijo, literalmente.
Iria "fazer o ponto" (uma expressão que eu só entenderia mais tarde) e me fez jurar que só abriria a porta pra Tia Ju, ao contrário, permaneceria em silêncio até quem quer que fosse ir embora.
Saiu.
Algumas horas mais tarde, Júlia me chamara a porta. Fiz o que prometera.
Pena que ela me trouxe a notícia que fortificou minha desgraça.
Mamãe morrera.
Fora assassinada.
E isso, o próprio assassino me contaria mais tarde."
"fragmento de algo que você precisa saber"
Bruna, e os textos em atraso.
obs.: a primeira parte encontra-se aqui
obs.: a primeira parte encontra-se aqui
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