segunda-feira, 18 de junho de 2012

- as coisas boas que o amor não me ensinou

Eu não costumava me entregar assim tão facilmente.
Na verdade, eu não costumava a me entregar assim para ninguém.
Sempre fui linha dura quando o assunto era sentimentos. Pra mim, a estupidez do amor e todas aquelas babaquices que as comédias românticas com os seus "felizes para sempre" só representavam o quanto a humanidade perdia seu tempo com coisas tão fúteis.
Alguns até se atreviam a dizer que tinha um coração de ferro inabalável. Mas a maioria acreditava que eu não tinha coração nenhum mesmo.
Eu considerava essa última possibilidade.
Aí chegou você.
E eu resolvi te dar uma brecha para desmentir tudo.
Tuas palavras doces me embalavam, teu sorriso singelo me mostrava o quão bom era apreciar a simplicidade da vida contigo.
Você chegou com palavras as palavras certas de um carinho que eu nunca havia conhecido. Tuas promessas me faziam acreditar que, no teu abraço de consolo, eu me aconchegaria segura.
Você me mostrou o entardecer de uma forma que eu nunca vira antes. Ensinou que um beijo roubado em meio ao uma conversa tranquila acarretaria uma das melhores sensações do mundo.
Me levaste até o espelho no nosso primeiro amanhecer juntos e acabou por me convencer de que naquele momento eu era a mulher mais linda que tu já tinhas visto.
Você me fez enxergar o mundo com bons olhos e notar que as coisas valeriam a pena ao teu lado.
Tu me fizeste querer ser uma pessoa melhor, tu fizeste de mim uma pessoa melhor.
E quando o primeiro "eu te amo" saiu de sua boca, pude sentir o amor em sua mais pura forma. Pude sentir que eu realmente tinha um coração.
Um coração que já era teu e continuou sendo por um bom tempo.
Então, no dia que comemoraríamos mais um outro aniversário de namoro, tu me ligaste convidando para um jantar naquele restaurante que eu tanto gostava. Disseste que queria me contar algo importante.
Mal cabia em mim tanta felicidade, depois de tanto tempo, tu me levarias ao altar.
Ao chegar no lugar combinado, fui até a mesa onde você me esperava sorridente. Meu anseio já era incontrolável.
Tu começaste a falar um tanto envergonhado, confundindo as palavras e após um minuto ou dois de frases mal explicadas, enfim disseste:
- Te traí. Me apaixonei por outra garota e não consigo mais ficar longe dela. Você é uma ótima pessoa e não acho que mereça sofrer com isso.
Demorei um instante para voltar a mim e perceber que já me levantara e caminhava em direção a porta sem dizer uma palavra.
Me desculpe por sair sem ter dito nada, deve ter sido o choque do momento.
No entanto, estou lhe enviando esta carta para dizer que não tenho mágoa alguma contra ti. As coisas que me ensinaste em todo tempo que fiquei contigo valeram realmente a pena. Tu me fizeste acreditar que mesmo em meio ao sofrimento, a vida é mais bonita do que parece e por isso não tenho nenhum ressentimento, poderemos ser bons amigos.
E antes que se pergunte se realmente estou sendo sincera contigo e se tudo isso que leste até agora é real, digo que não. Na verdade, só queria lhe dizer que você é um filho de uma puta e que desejo de todo o coração que você vá para o inferno com a sua querida vadiazinha.
- Bruna
P.S.: Por obséquio, quando chegar lá, mande lembranças ao diabo.

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