Bom, pelo menos conhecia.
Contando desde o último abraço, somam 275 dias.
275 dias desde aquele setembro ensolarado em que mal pudi acreditar que uma pessoa tão pequena como eu poderia sentir tanta tristeza de uma só vez.
Sim, 275 dias.
Completos exatamente hoje.
Exatamente hoje que a saudade bateu a porta como nunca.
Exatamente hoje que acordei com um desejo gritante de ir ter contigo.
Exatamente hoje que acordei chamando um gato com voz de criança.
Pode rir. Sei que é um tanto ridículo, aliás, extremamente. Mas tu conheceras meus sonhos bizarros, meus delírios insanos de mente perturbada.
Exceto um.
Uma vez sonhei contigo. Coisa de rotina. Isso até não seria tão esquisito se não fosse o modo como acordei: suava frio, tinha um medo absurdo.
Sonhei que tu passavas ao meu lado, me olhava com aqueles olhos de menino travesso, os olhos que tanto me fizeram sorrir.
Porém, daquela vez, teu olhar só me fazia sentir dor. Uma dor ácida que corroía-me o peito.
Era como sentir os próprios sentimentos esmagados, dilacerados e, ainda pior, ignorados.
Ignorados por ti, moço.
Mas, não importa, não é? Eu já era perturbada contigo, e quando tu foste embora, isso só ficou explícito.
Eu era complicada.
Eu ainda o sou. Tenho tanta vontade de te encontrar pela manhã e falar sobre tudo que ainda mantenho no peito e não vou.
Tenho tanta vontade de te perguntar se o que aconteceu não te significou nada, se aquele "eu te amo" dito nunca obteve sentimento algum. Perguntar se quando tu chamavas meu nome no portão tinha mesmo aquela sensação de ansiedade e, se ao ver meu rosto de sono na janela, sorria por amor ou por deboche.
Perguntar se aquele dia, meu choro te causou pena ou irritação. Se aquela proposta de "pra sempre" era mesmo verdade, se aquele desejo de me ver de véu era mesmo real.
Porém, tu sabes, nunca pergunto. Nunca irei perguntar.
E tu nunca lerás este outro texto. Nem este, nem outro qualquer.
É demasiado grande, demasiado ridículo, demasiado complicado.
Assim como quem o escreve.
Porém, perdoe-me. Dê-me o direito, sofri em silêncio esse tempo todo. São 275 dias que não o perturbo com minha estupidez. 275 que não faço mais drama, que me finjo de forte e choro escondido. Tenho pelo menos o direito de gritar uma vez ao mundo que ainda te amo.
É, porra, te amo. Amor de verdade, com idiotices, dores e aquela melosidade toda.
E tu sabes disso também, sempre soube.
Mas não te importas, nunca te importou.
E eu fico aqui, como se ainda estivesse falando diretamente contigo, como se fizesse diferença.
Enfim, no fim das contas, só queria dizer que tu me fizeste escrever um texto inútil pra ti. De novo.
Mesmo sabendo que nunca vai lê-lo. Que nunca te importarás a sua existência.
Assim como não te importas a minha.
- Bruna
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