Minhas superstições são poucas mas quando é dia de jogo, faço questão de não assisti-lo.
Vai saber se o meu azar incontestável não impregna no time?
Mas, tudo bem, quando se é corinthiano, não há necessidade alguma de acompanhar a transmissão; os rojões e o aperto no peito já revelam que mais uma bola balançou a rede.
Bola que saiu dos pés de algum jogador alvo e negro.
Aí, o resto do mundo aparece expondo a realidade: "ah, vocês não ganham nada com isso", ou "é perca de tempo esse seu fanatismo ridículo".
Porém, alguém me responda: não seria fanatismo também uma outra forma de amor? E uma das mais puras, diga-se de passagem, pois mesmo conscientes de que nossa fidelidade talvez nunca nos renda lucro, damos o sangue ao soltar o nosso grito de vitória.
E choramos também, quando o final do segundo tempo não é como esperávamos.
Mas, que seja. Não há nada mais prazeroso do que olhar orgulhoso e poder dizer que somos campeões.
Loucos, burros, fanáticos, tanto faz. Pra esse orgulho que cresceu em nosso peito não há nada que pague.
Claro, sou inteligente, reconheço sim que há coisas mais relevantes com o que se importar.
Mas, também, sou corinthiana. E por que não, ao menos essa noite, deixar as vergonhas de lado e abraçarmos uns aos outros, desconhecidos ou irmãos, e comemorarmos algo tão... bobo?
Por que não, só essa noite, acordar a vizinhança gritando "É CAMPEÃO!"?
Por que não, ao menos essa noite, unirmos o nosso amor (ou fanatismo) e fidelidade, e compartilharmos uns com os outros algo que deveria ser dividido todos os dias?
Enfim, para aqueles que juntos sofreram piamente a cada passe de bola: ganhamos.
Finalmente.
E, para aqueles que se dedicaram as críticas e outras piadas: obrigada.
Sim, obrigada. Mas o ato de levantarmos mais uma taça não servirá de tapa na cara de ninguém; será um abraço bem forte e cheio de orgulho para que, ao menos uma vez, vocês possam sentir o pulsar fiel de um coração corinthiano.
E essa noite, até eu que não sou católica nem nada, vi São Jorge derrotando um dragão na lua singela que passeava pelo céu.
- Desculpe, também sou corinthiana.
Bruna
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