segunda-feira, 9 de julho de 2012

- você também não conheceu Chatterton


Preciso de livros velhos.
Muitos livros velhos com cheiro de pó e coisa guardada.
Preciso de um cigarro; mesmo não fumando, mesmo só querendo ver a fumaça subir ao teto em sua dança de perdição.
Preciso de conhaque; mesmo não bebendo. Conhaque pra encher o cômodo de poesia boêmia.
Falando em boêmia, preciso de bossa. Bossa, MPB, Seu Jorge e algumas das Carolinas. Quem sabe um deles não traz o cigarro e a bebida? Dessa vez, pode ser até aquele whiskey barato do bar da esquina.
Quem sabe algum deles não traz a poesia também? Pelo menos, dos versos, me embriago sem culpa.
Preciso de lençóis brancos, preciso da poeira levitando à retina, à invasão da luz esmaecida que insiste em fazer companhia.
Será que ela também não sabe que não sou uma anfitriã. digamos... condescendente?
Será que não sabe, que além de vadia, encontro-me insana?
Você sabia. Mas também, o cheiro forte da minha alma suja provocava ânsia na tua conduta jamais condenada.
Meu pecado sôfrego ultrapassava teus limites doutrinados.
E você foi embora.
Escolha prática. Adiou teu prazo de absolvição.
Tudo que não preciso é da tua inocência de merda.
E já que não me condeno como você disse, fico aqui à companhia daqueles que desconhecem meu comportamento hediondo; fico com os livros velhos e discos riscados.
O conhaque não tenho, estava caro. E esquece o whiskey, nunca conseguiria tomar aquela merda sozinha mesmo.
Mas, quem sabe, não arranjo o cigarro?
Cigarro ou qualquer outra coisa que adiante minha ruína; infarto ou suicídio, foda-se.
Na cova não irá fazer tanta diferença.
- Bruna, entre vil e miserável

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