quarta-feira, 27 de junho de 2012

- além de remédio, tempo é alicerce


Ele era o tipo de cara que se podia dizer belo com as quatro letras. Modos de pirata, sorriso de chapeleiro.
Com o cigarro na mão, desceu do ônibus que o trazia do Rio, pondo os pés e a bagagem no chão como nunca fizera em dois anos.
É quando a viu saindo de uma das lojas da rodoviária municipal de sua cidadezinha do interior paulista.
Já faziam dois anos que não se viam, já faziam dois anos que não se tocavam.
A reação dela foi jovial, passou de um "não acredito" para uma paralisia cerebral em instantes.
Um sorriso torto se formou no rosto do rapaz de costas largas.
Um sorriso radiante se formou no rosto da menina-moça que ele deixara.
- E aí, Kaline, não vai me dar um abraço?
Horas depois, já estavam entre amigos na praça. Riam, bebiam e se olhavam; ele pra ela, ela pros traços que mesmo depois de tantos meses, ainda lembravam a si mesmos.
- Eu mal conseguia acreditar que era você. Tá com a mesma cara de antes, pensei que o Rio te mudaria.
- Ah, mudou um pouco. Acabei revendo algumas coisas lá, percebi de quais eu realmente sentia falta.
- Poxa, legal. Possa saber quais coisas são?
- Bom, uma delas era falar de patos com uma certa versão feminina de mim.
- É, patos são legais. - Disse a menina cujo contexto e a alegria só ela conhecia.
E ficaram lá. Falaram de patos, de avengers, do interior paulista e do litoral carioca.
- E você, Ka, tá namorando?
- Vish... Na verdade, não. Tenho andado "a sós comigo mesma".
- Com certeza, porque quer. Sabe, desse jeito que você está, é meio estranho que esteja sozinha.
- Nem é, vei...
- É, talvez não. Talvez eu tenha sorte.
Um olhar cúmplice e um meio duvidoso se alcançaram.
Já num fim de farra e no assovio da noite, quando a bebida já os desviavam e a fumaça já se fazia embalar, ela se levantou despedindo-se.
- Ah, fica mais um pouco.
- Nem dá, Jorge. Amanhã tem aula e já tá tarde. Sem contar que minha mãe tá viajando e do jeito que eu tô, mal vou conseguir abrir o portão.
- Ah, de boa. Vou contigo.
- Não, nem precisa. O pessoal tá comemorando tua volta. Aproveita.
- Não, eu quero te levar.
Ele se impôs. Iria levá-la de qualquer jeito.
Se despediram dos amigos e após umas oito esquinas, já estavam rindo e brincando como dois bêbados.
Ou apaixonados, há quem diga.
Chegaram ao portão, ela conseguiu abri-lo.
Depois de um minuto ou dois, ela o convidou a entrar.
Ele aceitou e ao entrar na sala, conquistou o espaço como só ele sabia fazer.
Ela caminhou até a cozinha procurando por um copo.
Ele a seguiu procurando por ela.
Ela, encostada a pia, lhe parecia perturbadora. Eles, inconscientemente, já se queriam.
Ele se aproximou da mulher que estava na pia; mulher que antes menina, ele deixara.
Pôs-se perto ao seu ouvido e, ela, meio boba, meio bêbada, deixou-se levar.
- Teria eu, permissão para beijá-la?
-Sabe, - ela disse rindo - isso me lembra uma cena de um livro.
- Sério? Mas e aí, ela deixa?
- Bom, na verdade, não.
- Hum... Então a gente aproveita pra mudar a história, Ka.
E ele a beijou.
Suas mãos apertavam-lhe a cintura enquanto sua boca consumava o que há muito era aguardado.
E ele, do pescoço ao ombro, buscava incansavelmente recuperar o tempo perdido.
E as unhas dela, da nuca àquelas costas, marcava o toque que há tanto se escondera entre a vontade o receio de si mesma.
Foram perdidos que se encontraram.
E o copo caíra em pedaços no chão.
E eles, inteiros, caíram em tentação.
Exprimido entre eles, um amor antes sufocado passou a gritar pela vizinhança inteira.
- Bruna, a intrometida.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

- é pra ele, beleza?



Ânsia por sentimento é uma merda mesmo.
Porém, com licença, vou me tornar melodramática por alguns minutos.
A propósito, vou me tornar melodramática pra sempre.
Já cansei de bancar a forte conformada esse tempo todo.
Já cansei de fingir que tá tudo bem e que acho o amor perda de tempo adolescente, que uma hora a gente amadurece e passa, e a gente começa a se preocupar com coisas mais relevantes, tipo, dinheiro.
Mas, puta que pariu, saí do teu caminho, te deixei ser livre e feliz como sempre achei que deveria ser. Não te dei motivos pra lutar por mim, muito menos comigo.
Fui totalmente adepta ao "deixe ir livre e vá procurar sua felicidade".
Mas quer saber de uma coisa?
Tô de saco cheio de procurar essa porra de felicidade em todo lugar.
De saco cheio de tentar me envolver com outras pessoas e mudar qualquer coisa em mim que me remetesse à alguma lembrança tua.
Cansei. Pronto, cansei! Era isso que você queria? Que acabasse ficando louca e falando sozinha na internet e em todo e qualquer lugar sobre você?
Pronto, conseguiu. Você sempre consegue tudo que quer, não é?
Você conseguiu me atingir, chegar até a "garota que nunca se deixava levar por ninguém", conseguiu fazer ela de otária, certo?
Agora você tem ela à sua disposição. Satisfeito?! Ela e todas as outras cinco, seis, sete biscates que divertiam seu mundo, certo?
Pronto, conseguiu me fazer de trouxa. Uma trouxa de verdade: romântica, dramática, chorosa e tão insuportável que nem eu mesma me aguento.
E quer saber? Foda-se que tu nunca lerás estas merdas que fiquei perdendo tempo ao escrever.
Guardei tanta coisa pra mim mesma, cansei de esconder toda esse sentimento do caralho que ainda insisto em ter por você. Já está na hora de parar de bancar a fortaleza de ferro e mostrar ao mundo o que eu sou de verdade.
Covarde.
Uma puta de uma covarde.
Que não tem nem a audácia de falar tudo na tua cara. Que fica despejando palavras tortas num papel amassado ou torturando o teclado com toques a força.
Uma fraca.
Uma fraca que não tem nem a coragem de ser quem realmente é.
Uma idiota que ainda perde tempo sonhando contigo, porra!
Uma idiota que ainda insiste em pensar num merda que não vale nem as próprias promessas.
Agora, aproveite, vou ficar ridiculamente estúpida por um bom tempo.
Ridiculamente terrível por um bom tempo.
Então, vai fazer o que agora? Me ignorar? Bom, isso você já faz.
Agora aproveita o motivo e vê se faz certo.
- Bruna. Aquela lá, lembra? Pra quem você disse a maior das mentiras.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

- as coisas boas que o amor não me ensinou

Eu não costumava me entregar assim tão facilmente.
Na verdade, eu não costumava a me entregar assim para ninguém.
Sempre fui linha dura quando o assunto era sentimentos. Pra mim, a estupidez do amor e todas aquelas babaquices que as comédias românticas com os seus "felizes para sempre" só representavam o quanto a humanidade perdia seu tempo com coisas tão fúteis.
Alguns até se atreviam a dizer que tinha um coração de ferro inabalável. Mas a maioria acreditava que eu não tinha coração nenhum mesmo.
Eu considerava essa última possibilidade.
Aí chegou você.
E eu resolvi te dar uma brecha para desmentir tudo.
Tuas palavras doces me embalavam, teu sorriso singelo me mostrava o quão bom era apreciar a simplicidade da vida contigo.
Você chegou com palavras as palavras certas de um carinho que eu nunca havia conhecido. Tuas promessas me faziam acreditar que, no teu abraço de consolo, eu me aconchegaria segura.
Você me mostrou o entardecer de uma forma que eu nunca vira antes. Ensinou que um beijo roubado em meio ao uma conversa tranquila acarretaria uma das melhores sensações do mundo.
Me levaste até o espelho no nosso primeiro amanhecer juntos e acabou por me convencer de que naquele momento eu era a mulher mais linda que tu já tinhas visto.
Você me fez enxergar o mundo com bons olhos e notar que as coisas valeriam a pena ao teu lado.
Tu me fizeste querer ser uma pessoa melhor, tu fizeste de mim uma pessoa melhor.
E quando o primeiro "eu te amo" saiu de sua boca, pude sentir o amor em sua mais pura forma. Pude sentir que eu realmente tinha um coração.
Um coração que já era teu e continuou sendo por um bom tempo.
Então, no dia que comemoraríamos mais um outro aniversário de namoro, tu me ligaste convidando para um jantar naquele restaurante que eu tanto gostava. Disseste que queria me contar algo importante.
Mal cabia em mim tanta felicidade, depois de tanto tempo, tu me levarias ao altar.
Ao chegar no lugar combinado, fui até a mesa onde você me esperava sorridente. Meu anseio já era incontrolável.
Tu começaste a falar um tanto envergonhado, confundindo as palavras e após um minuto ou dois de frases mal explicadas, enfim disseste:
- Te traí. Me apaixonei por outra garota e não consigo mais ficar longe dela. Você é uma ótima pessoa e não acho que mereça sofrer com isso.
Demorei um instante para voltar a mim e perceber que já me levantara e caminhava em direção a porta sem dizer uma palavra.
Me desculpe por sair sem ter dito nada, deve ter sido o choque do momento.
No entanto, estou lhe enviando esta carta para dizer que não tenho mágoa alguma contra ti. As coisas que me ensinaste em todo tempo que fiquei contigo valeram realmente a pena. Tu me fizeste acreditar que mesmo em meio ao sofrimento, a vida é mais bonita do que parece e por isso não tenho nenhum ressentimento, poderemos ser bons amigos.
E antes que se pergunte se realmente estou sendo sincera contigo e se tudo isso que leste até agora é real, digo que não. Na verdade, só queria lhe dizer que você é um filho de uma puta e que desejo de todo o coração que você vá para o inferno com a sua querida vadiazinha.
- Bruna
P.S.: Por obséquio, quando chegar lá, mande lembranças ao diabo.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

- como se calcula a saudade?

Tu conheces minhas manias de calcular os dias.
Bom, pelo menos conhecia.
Contando desde o último abraço, somam 275 dias.
275 dias desde aquele setembro ensolarado em que mal pudi acreditar que uma pessoa tão pequena como eu poderia sentir tanta tristeza de uma só vez.
Sim, 275 dias.
Completos exatamente hoje.
Exatamente hoje que a saudade bateu a porta como nunca.
Exatamente hoje que acordei com um desejo gritante de ir ter contigo.
Exatamente hoje que acordei chamando um gato com voz de criança.
Pode rir. Sei que é um tanto ridículo, aliás, extremamente. Mas tu conheceras meus sonhos bizarros, meus delírios insanos de mente perturbada.
Exceto um.
Uma vez sonhei contigo. Coisa de rotina. Isso até não seria tão esquisito se não fosse o modo como acordei: suava frio, tinha um medo absurdo.
Sonhei que tu passavas ao meu lado, me olhava com aqueles olhos de menino travesso, os olhos que tanto me fizeram sorrir.
Porém, daquela vez, teu olhar só me fazia sentir dor. Uma dor ácida que corroía-me o peito.
Era como sentir os próprios sentimentos esmagados, dilacerados e, ainda pior, ignorados.
Ignorados por ti, moço.
Mas, não importa, não é? Eu já era perturbada contigo, e quando tu foste embora, isso só ficou explícito.
Eu era complicada.
Eu ainda o sou. Tenho tanta vontade de te encontrar pela manhã e falar sobre tudo que ainda mantenho no peito e não vou.
Tenho tanta vontade de te perguntar se o que aconteceu não te significou nada, se aquele "eu te amo" dito nunca obteve sentimento algum. Perguntar se quando tu chamavas meu nome no portão tinha mesmo aquela sensação de ansiedade e, se ao ver meu rosto de sono na janela, sorria por amor ou por deboche.
Perguntar se aquele dia, meu choro te causou pena ou irritação. Se aquela proposta de "pra sempre" era mesmo verdade, se aquele desejo de me ver de véu era mesmo real.
Porém, tu sabes, nunca pergunto. Nunca irei perguntar.
E tu nunca lerás este outro texto. Nem este, nem outro qualquer.
É demasiado grande, demasiado ridículo, demasiado complicado.
Assim como quem o escreve.
 Porém, perdoe-me. Dê-me o direito, sofri em silêncio esse tempo todo. São 275 dias que não o perturbo com minha estupidez. 275 que não faço mais drama, que me finjo de forte e choro escondido. Tenho pelo menos o direito de gritar uma vez ao mundo que ainda te amo.
É, porra, te amo. Amor de verdade, com idiotices, dores e aquela melosidade toda.
E tu sabes disso também, sempre soube.
Mas não te importas, nunca te importou.
E eu fico aqui, como se ainda estivesse falando diretamente contigo, como se fizesse diferença.
Enfim, no fim das contas, só queria dizer que tu me fizeste escrever um texto inútil pra ti. De novo.
Mesmo sabendo que nunca vai lê-lo. Que nunca te importarás a sua existência.
Assim como não te importas a minha.
- Bruna

quarta-feira, 13 de junho de 2012

- era pra ser um texto erótico

Ele:
"Entro no quarto em plena madrugada da forma mais sorrateira possível.
Estás de bruços, pequena. É noite de verão e tu estás na cama com aquele short curto que eu tanto gosto. O volume protuberante nele me perturba.
Me aproximo, deleito o momento à te observar, te provar com os olhos.
Pouso a mão em tua perna e deslizo a palma até a coxa.
De súbito, tu acordas assustada. Viras depressa perguntando-se o que acontece. Porém, não te dou tempo, agarro-te pela perna saltando sobre o teu corpo e ponho meus lábios a calar os teus.
Mordo-te o canto da boca e pergunto se gostara na surpresa.
No escuro, teu sorriso lascivo me atiça.
Aperto teu corpo, mordo-te o pescoço e o colo e te tiro a blusa.
Tuas unhas me rasgam as costas.
Tu já sabes que me tem rijo e já cai sobre mim só por desafiar.
E eu perco o controle. Tu me deixas de tal maneira que acabo por rasgar-te o short. Lá se vai outro...
Tua risada é singela e um tanto reprova meus modos mas, deixe, pequena, estou a ponto de compensar-te. A ponto de devorar-te.
Puxo teus cabelos, mordo teu colo e sorvo-lhe o corpo.
Percorro a mão até o sexo.
Tu gemes baixinho.
Te olho nos olhos, te empurro na cama e acabo por cair de boca em teu íntimo. Tanto teu, como meu.
Tens gosto de fruta, pequena, fruta doce, açucarada, proibida...
Te olho perverso. Estás gemendo, gritando.
Tens gosto de pecado.
Gosto de luxúria.
Tentação...
Por fim, êxtase.
Te domino.
Subo a teu ouvido, provocando, e sussurro: 'Não te encantas por ser minha?'
Me ponho ao teu lado, orgulhoso, triunfante e tu, num impulso te colocas por cima.
Estás recomposta. Recomposta e pronta para fazer do caçador, caça."

Ela:
"Tu apareces no meio da noite e pensa que pode me fazer por vencida?
Te faço homem, garoto, te faço homem...
Te mordo a orelha, te atiço.
Ou pensa que não sei onde te percorre arrepios?
Te arranho a nuca, te puxo os cabelos.
Tua respiração ofegante, entrecortada me incita a ir mais longe. Mais forte.
Te beijo pescoço, peito, barriga...
Te tiro a calça de flanela azul.
O ponho na boca, tu gemes baixinho.
Sim, também sei que tu gostas.
Teu sorriso em enlevo me provoca. Tua resistência demasiada me desafia.
E então, o delírio.
Delírio...
Delírio...
Delírio...
Êxtase!
Subo ao teu ouvido e sussurro soberba: 'Se soubesse que ficarias assim, te mandaria mais vezes ao sofá.'
Levanto e caminho até o chuveiro, no entanto, mal chego à porta. Tu estás de pé, nu e a fim de revanche, à beira da loucura, me põe contra a parede.
Me olhas travesso. Sim, eu te perdoo.
Entretanto, pelo visto, o jogo mal começou."
- Bruna

domingo, 10 de junho de 2012



Você diz que se sente tão mal
toda vez que eu me viro
Você diz que já devia ter ido
E você, você acha que está tudo errado
e me pergunta como continuar
Nós vamos passar por mais um dia, apenas aguente firme.
Porque a vida começa agora.
Você fez todas as coisas que poderiam te matar de algum jeito,
e você está tão pra baixo
Mas você vai sobreviver de algum jeito, porque a vida começa agora.
Eu odeio vê-la cair
Eu vou levantá-la do chão
Eu assisti ao peso do seu mundo desabar
E agora é a sua chance de seguir em frente.
Mudar o jeito que você viveu por tanto tempo.
Você encontrará a força que sempre esteve dentro de você.
Toda essa dor,
pegue esta vida e a faça sua.
Todo esse ódio,
pegue o seu coração e deixe-o amar de novo.
Você vai sobreviver de alguma maneira.

                             


                                                                         Three Days Grace - Life starts now






- fiction

quarta-feira, 6 de junho de 2012

- você arriscou me ouvir, então ouça

Caralho.
Penso que estou pegando mania de te escrever.
Desconheço o motivo, aliás, acho que até sei qual é. Infelizmente, és o único com quem queria falar agora.
Não te amo, sabes disso. Repito apenas para dar ênfase e lembrar a mim mesma sobre essa realidade.
Mesmo querendo.
Confesso, és meu melhor amigo, até queria.
Sim, queria.
Queria gostar desse teu sorriso raro, dessa tua marra arrogante e seu abraço totalmente sem jeito.
Sim, queria.
Queria entender esses teus olhos. Malditos olhos que de tão fixos, me assusta.
É, queria.
Mesmo sabendo que tu não queres.
Que também não ama.
Mas deveria.
Sim, deveria.
Seria bem mais simples se estivéssemos apaixonados, sonhando com o "para sempre" e aquela viadagem toda.
Mas não, somos complicados.
A gente vive complicando tudo, não é?
Ou será que aquela besteira de amor inconsciente de que tanto falo realmente existe?
Creio que não.
Ao menos, espero.
Talvez acabaria sendo pior se existisse algum tipo de sentimento estúpido e ridículo como esses.
Ou não?
- Bruna Vieira

terça-feira, 5 de junho de 2012

- valeu ai


Quando todos tinham ido embora você tinha sido a unica coisa que havia sobrado , você sempre esteve lá e nunca me deixou na mão . Com você passei os melhores e piores momentos da minha vida e seria incapaz de te deixar , tu já faz parte de mim , da minha personalidade , do meu dia-a-dia . Dizem que existem coisas melhores na vida , mas acho que quem disse isso não tinha nem ideia do quão boa você é . É horrível ter que me esconder pra te encontrar , é horrível o medo de virar na esquina com você , mas quem sabe essa porra de sociedade põe algo na cabeça e concorda com a plantação da paz , concordam em você ser livre .
  Minha fiel amiga , marijuana ! Obrigada por fazer parte do meu dia-a-dia ! LEGALIZE JÁ ! 


- natália

- Perfeição




Eu tenho que admitir, a minha vida inteira eu procurei por essa tal perfeição, e só agora eu vi o quanto isso acaba comigo.
Sim, todos falam "ninguém é perfeito", "ser perfeito deve ser chato", pois é, eu nunca me importei, eu sempre quis ser perfeita.
Claro, perfeita no meu ponto de vista.
Aquela pessoa que acima de tudo entende e vê o lado dos outros, uma pessoa que não sente raiva nem ciumes, que perdoa e tenta amar a todos. Uma pessoa que ninguém odeia, que os outros admiram e em quem também se espelham . Eu sempre quis ser isso e até mais, passei minha vida inteira tentando corrigir meus defeitos e consequentemente criando piores.
Como eu sempre disse, as qualidades que ou outros admiram, em mim acabam sendo tão grandes que tornam se os piores defeitos, tudo por essa busca a perfeição.
Eu sempre vi o mundo de um jeito diferente, eu vi o lado bom das pessoas, e não acreditava que existiam essas coisas horríveis que tanto as pessoas falam, eu não acreditava até estar no meio de tudo isso.
Por eu ter sempre na cabeça a ilusão de que nada de ruim realmente existia, quando eu estive do lado dessas coisas ruins, foi um choque tão grande, por tudo isso tantas vezes eu tento fugir da realidade, me afastando de tudo.
Essa busca a perfeição me fez uma pessoa tão ruim, eu acabo magoando todo mundo pelo meu medo de enfrentar, eu me afasto de quem mais quero estar perto.
Eu queria tanto ser perfeita pra acima de tudo, não magoar mais ninguém. Eu tenho tantos defeitos, e o maior deles é não fazer nada.
               - fiction

segunda-feira, 4 de junho de 2012

- chuva


" Hey, promete lembrar de mim a cada gota de chuva que tocar o chão ?"

          Você se lembra quando eu te contava minhas histórias, vontades e manias ?
Uma dessas vezes enquanto andavamos com as mãos entrelaçadas pelas ruas, procurando um minuto sequer a mais para ficarmos juntos, eu te contei o quanto eu amava e admirava essa tal chuva, contei sobre como sempre tive mania de levantar e sair no quintal quando começava a chover, não importava a hora só pra poder sentir a chuva, e você ficou surpreso ao ver o quanto eu realmente gostava dela. Também te contei das vezes em que eu andara por aquela mesma rua, sozinha, nas noites escuras e chuvosas, e o quanto eu gostava daquela sensação.
Naquele momento eu só conseguira pensar que da próxima vez estariamos juntos na chuva.
Está chovendo agora, cadê você ?

                -fiction

- a garota do esconderijo azul

 "- Hey, a propósito, qual é o seu nome?
- Kaline.
- O quê?!
- Aline com K. É mais fácil. "


Guria perdida, tumultuada por dentro, é o que dizem.
De tom escuro nos olhos e mais ainda no futuro.
Forte por fora.
Confusa por dentro.
Tem sua marca. Sua marca e suas marcas.
De estilo ela entende, tem o seu próprio como ninguém. Assim como, o coração que sente como só ela sabe.
Como só ela sente.
Guria de essência. Exala a perversão e a pureza em um mesmo sorriso.
Sorriso singelo, espontâneo, oriundo das coisas que ela mais ama.
Ama até sem saber, inconscientemente. Mas ama.
Coisas que ama, sonha e espera que estejam lá quando a escuridão do seu próprio mundo vier para controla-la.
Ela é assim. Só ela. Com todos os seus erros e defeitos.
Defeitos que só o seu recanto azul conhece.
Recanto ou esconderijo, moça?

- Bruna Vieira